A história de Sophia e as falhas nos órgãos de proteção à infância

Imagem ilustra vítima e os suspeitos

No dia 26 de janeiro de 2023, uma tragédia chocou a cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Sophia de Jesus Ocampo, uma menina de apenas 2 anos, foi levada pela mãe, Stephanie de Jesus da Silva, para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na capital, mas a criança chegou ao hospital já sem vida e com sinais alarmantes de violência.

De acordo com informações do delegado responsável pelo caso, Sophia apresentava diversos hematomas pelo corpo, e o laudo de necropsia revelou um traumatismo cervical, indicativo de estupro, segundo o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol). A criança teria falecido entre 9h e 10h da manhã, mas só foi levada à UPA às 17h do mesmo dia.

A avó materna, que viu Sophia no dia da tragédia, relatou que a menina apresentava hematomas nas costas e na boca, sangramento pelo nariz e inchaço no abdômen, sugerindo uma possível hemorragia interna. A mãe e o padrasto, identificado como Christian Campoçano Leitheim, encontram-se presos preventivamente e serão indiciados por homicídio qualificado e estupro de vulnerável.

A história de Sophia é marcada por uma série de alertas e negligências. Em dezembro de 2021, o pai, Jean Carlos Ocampo, já havia acionado o Conselho Tutelar ao perceber hematomas no corpo da filha. No final de janeiro de 2022, Jean fez o primeiro registro na delegacia por maus-tratos qualificados, alegando que a mãe justificou as evidentes lesões como resultado de brincadeiras com um gato.

Em maio de 2022, Jean buscou novamente o Conselho Tutelar para solicitar a guarda da criança, mas enfrentou obstáculos burocráticos. O caso chegou à Justiça em outubro do mesmo ano, mas foi arquivado após a mãe e o padrasto não comparecerem à audiência, evidenciando falhas no sistema de proteção à infância.

A situação se agravou em novembro de 2022, quando Jean registrou na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) que Sophia apresentava hematomas nas costas e uma perna quebrada; a mãe alegou que a fratura ocorreu em uma queda no banheiro. Segundo Jean, a sua relação com a mãe o padrasto da criança é conturbada, com os dois acusados não tolerando o fato de o pai de Sophia ser homossexual.

O desfecho trágico da história de Sophia levanta questionamentos sobre a eficácia dos órgãos de proteção à infância e a necessidade urgente de revisão de procedimentos. O caso expõe não apenas a violência sofrida pela criança, mas também a ineficiência na resposta aos alertas e denúncias feitos ao longo do tempo. A sociedade, agora, espera respostas e medidas que garantam a proteção das crianças e evitem que tragédias como essa se repitam.

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Por Mai Moreira

Contato – maimoreira@newsic.com

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