SÃO PAULO — Uma operação policial, desencadeada por investigação meticulosa, revelou uma extensa rede de hackers liderada por um adolescente de apenas 14 anos. A rede, que tinha integrantes ativos no aplicativo de mensagens Discord, é acusada de comercializar mais de 20 milhões de logins e senhas da Justiça e das principais polícias brasileiras.
A operação policial culminou na apreensão de um adolescente de 17 anos na cidade de Bady Bassitt, interior de São Paulo, que estava alimentando o sistema da Polícia Civil de São Paulo com informações falsas diretamente do seu computador pessoal.
“Fusaao”, o Hacker que se Declarou Morto
Um dos integrantes da quadrilha, Lucas Barbas, de 18 anos, conhecido na internet como “Fusaao”, foi identificado pelas autoridades após tentar esconder sua ficha criminal, declarando-se morto no sistema da Polícia Civil. “Ele tinha entrado no sistema e tinha se declarado morto para que o nome não constasse numa futura pesquisa”, revela o delegado Antônio Honório do Nascimento.
Mesmo com a tentativa de encobrir a sua identidade, as autoridades conseguiram rastrear e identificar “Fusaao”, ajudando a desvendar outros membros e práticas do grupo.
Conexão pelo Discord
O jovem de 14 anos, apontado como líder do grupo, identificado como “Adolescente B” foi localizado após a polícia rastrear as conexões dos integrantes, descobrindo que todos se conheceram em comunidades de jogos no Discord. Em depoimento, “Adolescente B” confessou ser responsável pela criação do software que permitiu ao grupo acessar sites privados e públicos, possuindo 20 milhões de logins e senhas, inclusive de entidades de segurança e justiça do país.
Ação Conjunta e Resposta Rápida
As autoridades conseguiram identificar integrantes da quadrilha em diversas cidades do país, ressaltando a eficiência da colaboração entre diferentes órgãos de segurança. O Discord, por sua vez, afirmou que adota uma abordagem de tolerância zero com atividades ilegais em sua plataforma, removendo conteúdo, banindo usuários e colaborando ativamente com as autoridades nas investigações.
Outros Casos e Medidas de Segurança
Em um evento separado, a Polícia Federal prendeu Selmo Machado da Silva, acusado de hackear o Sistema do Tribunal Regional Federal da Terceira Região para alterar pareceres em processos nos quais era réu. O hacker, que tentou transferir dinheiro de contas da Justiça para contas controladas por ele, foi condenado a nove anos de prisão.
Futuro das Investigações e Implicações
As investigações continuam, com as autoridades buscando identificar e prender outros possíveis integrantes da quadrilha. A operação ressalta a necessidade de segurança robusta nos sistemas de informação das entidades judiciárias e de segurança, assim como a importância da supervisão parental, conforme destacado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Enquanto Lucas Barbas e “Adolescente A” enfrentam o processo legal, suas defesas mantêm a declaração de inocência. As autoridades, por sua vez, reforçam o compromisso em manter a segurança e integridade dos sistemas de informação, buscando prevenir futuras invasões e ataques hackers.
Carla Albuquerque
