Cientistas apontam que o “Homem de Vittrup” pode ter sido morto em ritual

Imagem ilustra os restos mortais do Homem de Vittrup

Por Mai Moreira
Contato – maimoreira@newsic.com

Cientistas divulgaram no dia 14 de fevereiro, por meio da revista PLOS One, os resultados de uma análise completa do “Homem de Vittrup”, o homem do Período Neolítico encontrado há mais de um século em uma turfeira na Dinamarca, revelando que ele foi vítima de uma morte violenta. 

O estudo também aponta a trajetória de vida do homem, que incluiu migrações, mudanças na dieta e uma morte prematura longe de sua terra natal. A fim de resolver este caso de 5.000 anos, os pesquisadores realizaram estudos minuciosos, que incluíram placas dentárias e DNA. 

Tudo o que restou da vítima foi um osso do tornozelo direito, uma canela inferior esquerda e um crânio e uma mandíbula fragmentados, com 16 dentes. Segundo os cientistas, os ossos sugerem que o Homem de Vittrup morreu entre os 30 e 40 anos de idade.

De acordo com o estudo, o Homem Vittrup viveu entre 3.300 e 3.100 a.C. e possuía um perfil genético diferente dos seus contemporâneos locais, possivelmente tendo sido um comerciante itinerante de sílex, uma rocha sedimentar silicatada. As análises indicam que ele foi sacrificado em um ritual por habitantes locais. 

É de conhecimento que, no período em que o homem nasceu, o norte da Europa era povoado por comunidades agrícolas, porém a análise das proteínas dietéticas presas na placa dentária do Homem de Vittrup e as variações elementares dos seus ossos e dentes sugerem que ele, provavelmente, pertencia a um grupo de pescadores-caçadores localizados na costa norte da Escandinávia, perto do Círculo Polar Ártico.

O arqueólogo Anders Fischer, do Departamento de Estudos Históricos da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, explica que uma placa forma-se nos dentes dos seres humanos e, quando não é escovada ou removida, endurece, formando um cálculo dentário rico em DNA e proteínas, que podem preservar informações dietéticas durante milhares de anos. 

O estudo do Homem de Vittrup aponta que ele se alimentava de peixes, como bacalhau e dourada, bem como de carne de baleia, golfinho e carneiro. Porém, a análise dos isótopos de carbono nos dentes dele apontam que, na adolescência, a sua dieta incluía mais fontes alimentares terrestres e de água doce.

Os cientistas acreditam que ele tenha migrado antes dos 12 anos, provavelmente para uma comunidade agrícola. Apesar de os motivos de tal mudança não serem evidentes, os pesquisadores possuem duas teorias. 

A primeira teoria é que o homem tenha se mudado à procura de machados de pedra e produtos agrícolas, trocando-os por mercadorias trazidas por ele de sua terra natal. A segunda hipótese é de que ele tenha sido capturado e talvez escravizado por um grupo hostil.

A causa da morte do Homem de Vittrup foi pelo menos oito golpes na cabeça, que dividiram o crânio dele em várias partes. As fraturas ovais do crânio revelam que foi utilizado um objeto duro e com uma superfície arredondada, semelhante ao taco de madeira que foi encontrado na turfa, junto aos ossos. 

Os cientistas especularam que o homem tenha sido vítima rivalidade ou assassinato, porém descobertas arqueológicas anteriores “tornam mais provável que ele tenha sido sacrificado”. Fischer relatou que o local onde o Homem de Vittrup foi encontrado parece ter sido usado mais de uma vez durante o Período Neolítico para atividades de sacrifício.

Entretanto, nenhuma divindade específica é conhecida neste período e região. “Em vez disso, é provável que as pessoas estivessem pedindo boa vontade a um espírito ou divindade desconhecida através do sacrifício de objetos de valor, como gado e humanos”, finalizou o arqueólogo. 

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