Tragédia levantou debates sobre responsabilidade online

Imagem ilustra o dono da Choquei

Por Leo Soares

Contato – leonardo@newsic.com

No fatídico dia 22 de dezembro de 2023, a jovem Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, decidiu encerrar sua própria vida, desencadeando uma série de reflexões sobre os limites da responsabilidade nas redes sociais. A tragédia foi precedida pela divulgação de uma fake news envolvendo a jovem e o humorista Whindersson Nunes, publicada por diversas páginas de fofoca, incluindo a Choquei. O episódio levanta questionamentos sobre os limites da responsabilidade das plataformas online e o impacto do ódio virtual na saúde mental das pessoas.

A origem da tragédia

Tudo começou em 18 de dezembro de 2023, quando a página Garotx do Blog, que tem mais de 1,2 milhão de seguidores no Instagram, divulgou imagens que supostamente sugeriam um flerte entre Jéssica e Whindersson Nunes. A Choquei, página criada em 2014 pelo goiano Raphael Sousa, republicou a informação, gerando uma avalanche de consequências negativas que recaíram sobre a jovem.

A Choquei, conhecida pela agilidade e superficialidade na divulgação de informações, rapidamente se tornou uma das páginas brasileiras mais seguidas nas redes sociais, contando com milhões de seguidores. No entanto, o caso de Jéssica colocou a plataforma no centro de um escândalo que levantou questões sobre ética e responsabilidade.

Repercussão e responsabilização

A fake news divulgada pela Choquei e outras páginas contribuiu para a tragédia que culminou na morte de Jéssica, visto que a jovem virou alvo de ataques e comentários ofensivos nas redes sociais. A página chegou a emitir uma nota inicial, alegando não ter cometido irregularidades, mas posteriormente mudou seu posicionamento, admitindo ter compartilhado a notícia falsa. Raphael Sousa foi ouvido pela Polícia Civil de Minas Gerais.

A agência Mynd8, que agencia influenciadores e páginas de fofoca, incluindo a Garotx do Blog e, até 2021, a Choquei, viu seu perfil sair do ar e enfrentou críticas após a morte de Jéssica. A empresa, liderada pela cantora Preta Gil, alegou não ter controle sobre o conteúdo publicado pelas páginas que agencia.

Investigação e regulamentação

O caso está sob investigação da Polícia Civil, que aguarda a quebra de sigilo para examinar os perfis envolvidos, considerando possíveis acusações de difamação e até incitação ao suicídio. Especialistas apontam a importância do Projeto de Lei 2630/2020, conhecido como PL das Fake News, que visa regulamentar as redes sociais e definir a responsabilidade das plataformas sobre os conteúdos que abarcam.

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, defenderam a regulação das redes sociais após a tragédia. A advogada Alessandra Borelli destaca que, embora as plataformas tenham o direito de excluir publicações que vão contra as suas regras, a legislação atual não as obriga a fazê-lo.

Prevenção ao suicídio e conclusão

Em meio à discussão sobre responsabilidade online, é crucial abordar a questão da prevenção ao suicídio. O Centro de Valorização da Vida (CVV) desempenha um papel fundamental neste tópico, oferecendo apoio emocional gratuito.

O caso envolvendo a Choquei não apenas expõe as vulnerabilidades das redes sociais, mas também destaca a necessidade urgente da regulamentação para evitar tragédias semelhantes. A morte de Jéssica Vitória Canedo serve como alerta para as consequências reais das ações irresponsáveis nas plataformas digitais, chamando a atenção para a importância de um ambiente online mais seguro e ético.

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