Youtuber é estrangulada pelo próprio pai enquanto dormia e assassinato gera revolta na população 

Imagem ilustra a youtuber assassinada pelo pai.

Por Mai Moreira

A youtuber iraquiana Tiba al-Ali, de 22 anos, foi estrangulada enquanto dormia pelo próprio pai, Tayyip Ali, no dia 31 de janeiro de 2023. A jovem morava na Turquia e havia retornado ao Iraque para visitar a família. O criminoso foi condenado a apenas seis meses de reclusão, visto que o crime não foi considerado “premeditado” e continha “motivos honrosos”.

De acordo com o porta-voz do Ministério do Interior, Saad Maan, Tayyip Ali supostamente não concordava com a mudança da filha nem com os planos dela de se casar com o noivo nascido na Síria, com quem Tiba morava em Istambul.

A jovem deixou o Iraque em 2017, mudando-se para a Turquia para aprimorar os estudos. Lá, ela estabeleceu uma nova vida e lançou o seu canal no YouTube, agregando mais de 20 mil assinantes. Em seus vídeos, Tiba falava sobre independência, seu noivo, maquiagem e outros assuntos relacionados ao seu estilo de vida.

Há relatos de que o pai e a filha tiveram uma discussão acalorada no dia anterior ao assassinato, na qual a polícia comunitária chegou a intervir. 

Uma gravação de voz de Tiba al-Ali enviada a amigos na noite anterior à sua morte foi divulgada pela ONG iraquiana Support Her Organization for Women’s Rights. Na gravação, ela confronta a mãe e o pai sobre não retornar ao Iraque, pois seu irmão a havia agredido sexualmente. O áudio termina com o pai gritando e batendo em Tiba, enquanto ela grita de dor. 

Segundo o jornal estadunidense CBS News, até o momento a veracidade do áudio não foi confirmada. 

O Código Penal Iraquiano reduz a pena de crimes cometidos com base em provocação ou se o acusado tiver “motivos honrosos”. O Artigo 41 do Código Penal do país permite que os maridos “disciplinem” as suas esposas por meio de espancamentos. Já o Artigo 409 reduz as penas de homicídio para homens que matam ou prejudicam permanentemente as suas esposas ou familiares por causa de adultério. 

Após o assassinato da youtuber, centenas de mulheres saíram às ruas em protesto contra as leis envolvendo os chamados “crimes de honra” e a forma como as mulheres ainda são tratadas no país extremamente conservador.

Compartilhe:

Notícias relacionadas